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…começar a compor…

janeiro 24, 2010

A segunda aula, no dia 18 de janeiro, foi sobre composição, enquadramento e fotometragem. Trabalhar teoria com a turma não é o que mais os interessa, mas é seguramente o momento para identificar no grupo os que virão a manifestar o desejo de aprofundar os conhecimentos em fotografia, fotojornalismo e técnicas fotográficas complexas. Isto não exclui nenhum dos demais integrantes do grupo no que se refere ao fotojornalismo comunitário, mas identifica os que desejam dar continuidade na formação teórica em fotometragem e câmeras reflex.

Começamos com a apresentação deste blog com algumas das imagens produzidas pelo grupo no percurso na vila Ecológica. Para abordar enquadramento e composição foram utilizadas fotos digitais produzidas pelo Nícolas e pela dupla Carolina e Taiane. O método de utilizar as imagens produzidas pelos próprios estudantes, mostrou grande eficiência para facilitar o interesse pela teoria. Já, como relação a fotometragem, não tivemos o mesmo acerto. Necessitamos encontrar outros exercícios, para além dos de cálculo, que aumente o interesse por este assunto.
O blog confirmou a expectativa de impacto nos fotógrafos, em ver suas produções disponíveis na web. Nas próximas aulas serão criados os links com o nome de cada fotógrafa e fotógrafo do projeto para que estes possam ir postando suas produções imagéticas, textuais e gráficas.

Neste segundo encontro tivemos o ingresso de mais duas fotógrafas, Amanda e Thaís, ambas moradoras da Vila Icaraí I que se localiza às margens do Arroio Cavalhada e está dentro do Projeto Integrado Socioambiental, tema que fundamentalmente será trabalhado nos decorrer do Projeto

O Projeto Imagens Faladas seguirá com estes fotógrafos e fotógrafas buscando histórias de vida e memórias que desenharão as imagens faladas.

Um pouco sobre o enquadramento e composição

Enquadramento é a ação de selecionar determinado fragmento do cenário ou do objeto, recortando esta parte do todo. Destacando os elementos mais importantes para a formação da mensagem. Por isso se diz que a fotografia não é uma cópia da realidade, a sim um recorte dela. É a parte que o fotógrafo quer mostrar da realidade. É compor um fragmento que represente o que o fotógrafo está vendo.

A regra dos terços, ou o retângulo áureo, é o primeiro embasamento que se usa quando se fala em enquadramento fotográfico. Como disse o Bresson, devemos se orientar por estas regras, mas não segui-las fielmente. Com a prática veremos que podemos contrariar estas regras produzindo fotografias harmoniosas e bonitas.

o retângulo áureo, harmonia e equilíbrio

No retângulo clássico da fotografia. No qual o lado menor é 2/3 do tamanho do lado maior. Divide-se este espaço com duas linhas assimétricas verticais e duas horizontais. Nos quatro pontos centrais onde se encontram estas linhas, são os principais pontos de atenção. Onde colocamos o olho diretamente no início da leitura da imagem. O percurso destas linhas podem ser usadas como segundos pontos de atenção. Por onde podemos colocar as linhas dos objetos da fotografia, que conduzirão o olhar na leitura da fotografia.

a regra dos terços são linhas equidistantes

Os nove retângulos menores que se criaram entre estas 4 linhas são os espaços de preenchimento, os terceiros pontos de atenção. Mas não por isto, deixam de ser importantes. Nestes espaços é que vamos cuidar para dar o acabamento da fotografia, não cortar objetos, dar a finalização para o percurso do olhar sobre a imagem.

A melhor escola de enquadramento é o próprio olhar. Lendo fotorafias é que se cria o universo imagético pessoal. Se começa e criar uma estética, um equilíbrio particular para composição.

Primeiro Encontro

janeiro 20, 2010

A aula começou com uma roda de apresentação da gurizada, bem informal, seguida da descrição do Projeto. As primeiras 3 semanas serão destinadas à oficina de fotografia, antes de começar a parte de entrevistas com os moradores selecionados para as contações de história. Cada integrante será responsável por um capítulo do livro.

Esta é primeira foto feita no projeto. Câmera digital Lumix no modo automático, clicada pelo Tiago, monitor do Quilombo do Sopapo. Um pouco tremida, mas bem enquadrada. No decorrer da oficina vamos melhorando estes detalhes.

O primeiro encontro iniciou as 15h do dia 15 de janeiro, sexta-feira, no Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo. Estiveram presentes Carlos Henrique, Carolina, Douglas, Elincoln Lucas, Guilherme Dutra Garcia, Taiani, Nicolas Gabriel, Saionara e Sueda Juliane.

Boa parte dos oficinandos mostrou ansiedade para fazer logo os roteiros fotográficos pelo bairro, curiosidade de pegar as câmeras e ir para a rua. Também pela idéia de terem uma publicação com seu trabalho eternizado. Idéias características de verdadeiros fotógrafos e fotógrafas, mas temos um caminho a trilhar, que será uma mescla de teoria e prática. A formação deve ser o mais consistente possível, para quando chegarem ao final do projeto estejam aptos a continuar a documentação do cotidiano do bairro e da cidade. Além de seguirem trabalhando em iniciativas profissionais como a Cristalizar Vídeo Produções, que funciona no Quilombo do Sopapo com uma agenda repleta de trabalhos.

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O dia ensolarado colaborou com a caminhada. Foto: Eduardo Seidl

Para saciar a grande vontade de todos de pegarem as câmeras e desbravar o bairro, foi selecionado um roteiro que se classificou como fundamental para todos. O topo do bairro, onde está a Vila Ecológica.

O trajeto foi acompanhado pelos oficineiros Leandro Anton e Eduardo Seidl auxiliando na parte técnica da fotografia, já que boa parte da gurizada ainda é principiante. Oscar, monitor do Ponto de Cultura, foi o cicerone da caminhada, por ser morador da Vila, pedindo licença ao moradores para que conhecêssemos o local.

Vista parcial do "Vale do Cristal" onde se vê o Hipódromo, inaugurado em 21 de novembro de 1959, cerca de 2o anos depois do inicio do projeto. Foto: Carolina e Thaiane

A vista do alto de um do picos do Morro Santana, a Vila Ecológica, é linda e despertou o instinto fotográfico dos caminhantes. Foram utilizados 10 filmes 35mm, iso 100, distribuídos em 3 câmeras mecânicas, uma única pinhole de caixa de fósforo, além das duas digitas amadoras.

Oscar, monitor do Quilombo do Sopapo e morador da Vila Ecológica. Foto: Carolina e Thaiane

Câmera Lumix no modo manual. Com auxílio de fotometragem dos oficineiros, a Carolina e a Thaiane que estavam compartindo a câmera flagraram esta boa cena da Vila Ecológica.

Vista privilegiada do Bairro Cristal. Foto: Eduardo Seidl

Leandro fez um breve apontamento dos limites do Bairro Cristal e dos principais pontos de referência. Alguns dos jovens fotógrafos conseguiram identificar as regiões onde moram, as escolas do Bairro entre outros pontos particulares.

A descida do morro em direção ao Ponto de Cultura foi mais rápida. O final da tarde se aproximava e todos já sentiam o cansaço. Se percebia nos rostos uma satisfação de ter a câmera em mãos e poder enquadrar algumas cenas, antecipando uma amostra do que será o trabalho que teremos pela frente.

A textura do Bairro Cristal. Ótimo recorte na foto de Nicolas Gabriel

Com esta postagem inauguramos o blog do Projeto Imagens Faladas, ou Imagens da Fala, como já foi sugerido. O importante é mantermos a empolgação e integração que se revelou no primeiro encontro. Todos esperamos a participação dos leitores deste blog com comentários, fotos ou sugestões.

Um 'futs' na quadra da entrada da Vila. Foto: Nicolas Gabriel

As próximas, são algumas fotografias selecionadas dos filmes utilizados nas câmeras manuais 35mm. Nestas imagens podemos ver uma olhar mais atento a detalhes do bairro. Simples flagrantes que podem ser irrelevantes para os transeuntes mais desatentos, mas que se trasformam em instantes de belíssima plástica se enquadrados por olhos fotográficos.  Parabéns para a Saionara.

A pedra no ar! A fotografia de um instante! Foto: Saionara

Estas outras fotografias são mais exemplos de olhos fotográficos. Quando uma certa região se torna comum pelo nosso trânsito diário, alguns detalhes se mimetisam no ambiente. Passam desapercebidos. O ideal é caminhar olhando em frente e não se acostumar com a paisagem. Observar as coisas com questionamento. Em um projeto como este que estamos inicinado, cenas super banais para a maioria da população podem ser imprescindíveis no resultado final.

Um movimento pode ser o guia do olhar para m novo caminho. Foto Elincoln Lucas

De onde vem e para onde vão? Foto: Elincoln Lucas

“””Caminhe olhando pra frente e não se acotume com a paisagem!”””

Imagens da Fala

janeiro 18, 2010

O Projeto Imagens Faladas é uma oficina de fotografia. Pretende formar jovens fotógrafos com o objetivo de buscar a memória de antigos moradores do Bairro Cristal em Porto Alegre. Resgatando técnicas artesanais de fotografia e descobrindo o acesso às recentes tecnologias, propõe formar uma equipe de reportagem e um acervo de fotografias que representem as transformações do bairro nas últimas décadas.


O Projeto “Imagens Faladas” objetiva documentar histórias e o cotidiano da região e da população promovendo integração entre gerações, tecnologias e a cidade. Crianças, adolescentes e “jovens” produzirão imagens fotográficas baseadas em histórias contadas por idosos, antigos moradores do Bairro. Com a intenção de destacar as profundas transformações que a região sofreu em poucas décadas.
A partir da formação desta história oral do bairro, a intenção é identificar os cartões postais que caracterizem o local ou que ilustrem os detalhes das histórias. Serão usadas três técnicas fotográficas com estéticas diferentes, a Pinhole, a fotografia em filme 35mm e a fotografia digital.
A proposta é uma interação estética entre o morador antigo, espécie de historiador e fonte de saber, e o fotógrafo jovem, que construirá um retrato do bairro hoje, mas com referências no passado. Construir a imagem a partir da memória visual e oral do morador e as técnicas fotográficas já desenvolvidas pelos jovens em outras oficinas no Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo, destacando o contraponto das aparências temporais do P&B com digital. O resultado será um livro com o registro destas histórias e as mais belas e conscientes fotografias do Bairro Cristal.